Representações e resistências negras nas telenovelas, no cinema e no teatro brasileiro (1950-2000)

No âmbito do Seminário de Pós-Graduação em História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Júlio Cláudio da Silva (UEA / PPGH-UFAM) apresentará a conferência intitulada: Representações e resistências negras nas telenovelas, no cinema e no teatro brasileiro (1950-2000)”. O encontro terá lugar lugar no dia 13 de outubro, entre as 14:30 e as 17:00.

Esta sessão do seminário permanente decorre em parceria com o projeto “African experiences of assimilation in Mozambique: histories and memories (1910 – 2010)” (Referência 2021.01651.CEECIND/CP1696/CT0008). Além da conferência, esta sessão incluirá a exibição do filme “A negação do Brasil”, que antecederá a intervenção do orador

Breve biografia de Júlio Cláudio da Silva: Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Desde 2013 é professor da Universidade do Estado do Amazonas e, desde 2018, professor do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Amazonas. Tem vasta experiência no estudo das relações de gênero e dos movimentos negros no Brasil, sobretudo por meio do emprego da metodologia da História Oral e do debate ao redor das questões da memória e do direito ao arquivo. É autor de diversas obras, em destaque dos livros: Uma estrela negra no teatro brasileiro: relações raciais e de gênero nas memórias de Ruth de Souza (1945-1952). Manaus: Editora da Universidade do Estado do Amazonas, 2015; e Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: a trajetória e o protagonismo de Léa Garcia. Manaus: Editora da Universidade do Estado do Amazonas, 2023.

Sumário do filme “A negação do Brasil”: O filme “A negação do Brasil” analisa a representação negra nas telenovelas brasileiras entre os anos 1960 e 2000. A obra discute como o contingente populacional negro é sub representado e/ou subalternizado na teledramaturgia veiculada na televisão brasileira. Resultado da tese de doutoramento em Ciências da Comunicação de Joel Zito Araújo, o cineasta nos apresenta como estas produções audiovisuais brasileiras construíram a imagem de um país por meio da negação ou da ocultação de um país multirracial, ao mesmo tempo em que produz e reforça um determinado estereótipo sobre a população negra brasileira. Uma parte importante do material do documentário foi recolhido a partir dos testemunhos das atrizes negras no exercício de seus ofícios ao longo da segunda metade do século XX. O cotejo das fontes orais, das entrevistas concedidas à periódicos, das matérias jornalísticas publicadas na imprensa sobre as obras nas quais atuaram e seus próprios desempenhos profissionais, entre as décadas de 1940 e 1970, revelam quão desafiador foram as experiências de algumas das atrizes de teatro, cinema e televisão mais importantes do país. Refiro-me as atrizes negras Ruth de Souza, Léa Garcia e Zezé Motta. Nesse sentido, minha intervenção no cine-debate proposto pelo Seminário de Estudos Pós-graduados em História (SEPGHist), em parceria com o projeto African experiences of assimilation in Mozambique, tem como intuito aprofundar questões referentes aos estudos que tenho realizado a partir das experiências dessas artistas, procurando compreender seus protagonismos e estratégias de resistências as interseccionalidades estruturantes da sociedade brasileira. Outrossim, pretendo problematizar como as pesquisas sobre as memórias públicas das trajetórias profissionais das atrizes negras parecem ser uma possibilidade inovadora de investigação no campo dos estudos do Pós-Abolição e da história republicana brasileira do século XX, indicando um importante aspecto de direito a preservação da memória negra no Brasil.”

O Seminário de Estudos de Pós-Graduação em História é organizado por Renato Pistola (ICS-ULisboa) e Joana Fraga (ICS-ULisboa)