Patrícia Ferraz de Matos (ICS-ULisboa) publicou o capítulo de livro intitulado “Da dispersão de elementos à constituição de coleções” na livro «Lisboa Guardiã de Saber Tropical», editado por Conceição Casanova e Maria Manuel Romeiras. A obra contou com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do programa Lisboa Capital Verde Europeia 2020.
Resumo do capítulo:
“Este capítulo tem como objetivo destacar exemplos que estiveram ligados à Universidade do Porto (UP), e a outros locais da cidade que a acolhe, no que respeita à recolha de objetos, artefactos e restos humanos e à constituição de coleções em sociedades científicas e museus. Os exemplos referidos passarão pela Sociedade Carlos Ribeiro, pela Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (SPAE), pelas Faculdades de Letras (FL) e Ciências (FC) da UP e pelo Museu de História Natural da UP (MHNUP). O texto procurará estabelecer a ligação de António Augusto Esteves Mendes Correia (1888-1960) às coleções e aos organismos antecessores do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) nomeadamente da Junta das Missões Geográficas e de Investigações coloniais (JMGIC) (depois Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar – JMGIU), a partir da UP. As coleções que estavam na UP e que passaram a estar integradas no IICT foram sobretudo obtidas através das missões antropológicas impulsionadas pelo próprio Mendes Correia nos anos 30 do século XX. Por outro lado, algumas coleções que pertenceram ao IICT estão neste momento no Museu Nacional de Etnologia. Mendes Correia foi um dos fundadores da SPAE (1918) (Fig. 2) e o principal mentor da Escola de Antropologia do Porto. No seu contexto de atuação, e além dos esforços movidos no sentido de promover a antropologia como disciplina universitária, procurou reunir diversos elementos que pudessem ser estudados pela comunidade científica. O estímulo para a recolha de exemplares viria a ser alcançado, por exemplo, através da constituição de equipas de trabalho na UP, da criação de missões antropológicas às então colónias e dos seus discursos na Assembleia Nacional (AN), durante o período em que foi deputado (1945-1957). Graças às suas diligências e dos seus colaboradores, assim como de outros atores que lhes foram contemporâneos, foi possível reunir um espólio considerável passível de ser estudado e de contribuir para os avanços da investigação científica no país.”
Capítulo disponível aqui.
Livro, em acesso aberto, disponível aqui
Imagens em destaque – Equipa da missão antropológica de Moçambique, 1946, do Centro de Memória, Torre de Moncorvo, da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo.
Imagens do post: (em cima) Sala Ultramarina do Museu de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, anos 40, do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto; (à direita) Museu de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, anos 40, do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
As imagens foram extraídas do capítulo publicado
Citação completa: Matos, Patrícia Ferraz de (2021) “Da dispersão de elementos à constituição de coleções”, in C. Casanova e M. M. Romeiras (eds). Lisboa Guardiã de Saber Tropical. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, pp. 148-159.