Estética e Poder: Exposições Coloniais Entre as Duas Guerras: Art Déco no Centenário da Exposição de 1925

Tendo como ponto de partida o centenário da exposição de 1925 e a exposição «Coleção Gulbenkian. Grandes Obras», o Museu Gulbenkian organiza uma conferência em torno da «Art Déco».

A Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas de 1925, apresentada em Paris com o intuito de relançar a economia francesa após a Primeira Guerra Mundial, foi o mote para designar, anos mais tarde, uma das linguagens artísticas que marcaram as primeiras décadas do século XX: a chamada Art Déco.

Calouste Gulbenkian não foi indiferente a este gosto, tendo adquirido um grupo escultórico e uma credência que estiveram nesta exposição internacional, além de ter recorrido a artistas que se distinguiram nessa mostra – René Lalique e Edgar Brandt – para decorar o seu palacete em Paris, renovado entre 1923 e 1927.

O Colecionador interessou-se igualmente pela dimensão mais íntima de algumas das mais requintadas peças produzidas segundo os princípios déco. Destacam-se, neste contexto, o biombo em laca de Jean Dunand, um conjunto de livros, ricamente ilustrados ou encadernados, ou ainda objetos de uso pessoal, como joias e caixas para cigarros, fósforos ou batom, que atualmente podemos ver na exposição Coleção Gulbenkian. Grandes Obras.

Neste encontro, investigadores e especialistas nacionais e internacionais irão refletir sobre o papel da Art Déco nas primeiras décadas do século XX, analisando o seu compromisso entre luxo e indústria e explorando as suas relações com o poder e a propaganda, nomeadamente através da exposição de 1925 e das exposições coloniais subsequentes.

A investigadora do ICS-ULisboa Filipa Lowndes Vicente será uma das oradoras na Conferência Art Déco no Centenário da Exposição de 1925, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, no dia 23 de junho.

A sua comunicação intitula-se “Estética e Poder: Exposições Coloniais Entre as Duas Guerras”

RESUMO

Porto, Paris, Lisboa, Marselha, Londres, Luanda. São muitas as cidades que nas décadas de 1920 e 1930 foram cenário de exposições coloniais. Se no século XIX era a palavra «universal» que se juntava à palavra «exposição», entre as duas guerras, a palavra «colonial» passou a ser dominante. Apesar de serem eventos temporários, as exposições eram o resultado de um enorme investimento por parte de nações interessadas em divulgar e legitimar a sua identidade colonial perante públicos nacionais e internacionais. O impacto permanente e duradouro das exposições é visível na documentação escrita e visual produzida, em grandes quantidades, para os eventos. Esses postais fotográficos, folhetos, catálogos, relatórios, fotografias, artigos de jornal, cartazes, estão hoje em vários tipos de arquivos, mas também nos espaços comerciais onde circulam estes legados do passado disponíveis para quem os quiser comprar. O espaço da exposição recebia milhares de visitantes, mas o seu impacto visual e ideológico chegava aos imensos públicos que, em geografias mais próximas ou longínquas, liam e viam descrições e imagens das exposições. Que escolhas estéticas e ideológicas orientaram estas exposições?