O Essequibo enquanto zona de transição, reclamação e fronteira | 7 nov 2024

No dia 7 de novembro, Marcelo Moura Mello ( Universidade Federal da Bahia) será o orador convidado de um seminário conjunto dos Grupos de Investigação Impérios e Diversidades, com organização dos investigadores Iracema Dulley e Matheus Serva Pereira. O tema para esta sessão será O Essequibo enquanto zona de transição, reclamação e fronteira. A partir das 11h, na Sala 3 do ICS-ULisboa e online.

Resumo da palestra: Em seu já clássico balanço bibliográfico acerca do Caribe, Michel-Rolph Trouillot elegeu como cerne de sua análise os enquadramentos teóricos, conceituais, epistemológicos, históricos e geográficos da região, interrogando como disciplinas acadêmicas – como a antropologia, mas não só – delimitam unidades empíricas. Para Trouillot, o caráter “indisciplinado” da região, sua heterogeneidade e a história de longa duração do colonialismo colocam em xeque delimitações empíricas rígidas, bem como os pressupostos acerca da unidade e singularidade da região. Baseada em pesquisa empírica realizada em uma área de fronteira localizada entre o Caribe e a Amazônia, esta comunicação se debruça sobre o Essequibo, região mais extensa da Guiana (antiga Guiana Britânica) reivindicada pela Republica Bolivariana da Venezuela. Em um primeiro momento, reconstituirei brevemente, com base em fontes secundárias, a formação histórica do Essequibo, destacando a atuação de agentes coloniais de distintas origens (holandeses, espanhóis, portugueses e britânicos) e o papel fundamental de povos indígenas na própria conformação das fronteiras do Essequibo. A seguir, levando a cabo um exercício de antropologia da história – isto é, um enfoque no modo pelo qual pessoas comuns estabelecem nexos temporais e sentem que estão em contato direto com o passado –, descrevo a maneira pela qual guianenses concebem seus modos de pertencimento e seus vínculos com o Essequibo em um contexto marcado tanto pelo recrudescimento das reivindicações de domínio territorial da Venezuela como pela intensa circulação de venezuelanos pelo país.

Esta comunicação resulta de missão de pesquisa, intitulada “Vozes do Essequibo”, realizada com o apoio do Centro de Estudos de Migrações Internacionais da Unicamp e da Pró-Reitoria de Pesquisa da mesma universidade.

Sobre o palestrante: Marcelo Moura Mello é professor adjunto do Departamento de Antropologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), investigador do Centro de Estudos Afro-Orientais e co-editor de Afro-Ásia. Atualmente, é Diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA. Marcelo é também investigador colaborador do Centro de Estudos de Migrações Internacionais (CEMI) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nos últimos anos, o seu trabalho de investigação concentrou-se na Guiana, antiga Guiana Britânica.